Tem se tornado cada vez mais comuns as transições no mercado de trabalho. Foi-se o tempo em que o trabalhador começava e terminava sua vida profissional na mesma empresa, no mesmo cargo, desempenhando as mesmas tarefas. Não digo que este perfil esteja completamente extinto, mas sem sombra de dúvidas, está cada vez mais raro.
Pesquisa realizada pela rede social profissional LinkedIn apontou que metade dos brasileiros considerava mudar de emprego ao longo de 2022, com destaque para o público mais jovem, entre 16 e 24 anos, que representou mais de 60%. Entre os principais motivos que levariam essas pessoas a mudar de emprego, a busca por melhores salários e o desejo por um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional foram os mais apontados. Justo!
Trata-se de um movimento que vinha há muito sendo percebido por especialistas, mas que após a pandemia ganhou ainda mais adeptos. Em meio ao isolamento social imposto pela Covid-19, 53% dos profissionais brasileiros consideraram mudar de emprego em 2021, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de cibersegurança Kaspersky.
Frente a esses dados, as perguntas que ficam são: Quando partir para um novo desafio? Vale realmente a pena? O que considerar na hora de aceitar uma nova proposta? São questionamentos válidos e que, a meu ver, devem ser encarados com bastante seriedade.
Mudanças, independente de qual seja a esfera – pessoal ou profissional –, tendem a nos deixar receosos e até mesmo ansiosos. Contudo, saber lidar com esses desafios faz parte do amadurecimento profissional e pode, muitas vezes, trazer ótimos resultados ou no mínimo muitos aprendizados.
A insegurança em mudar de emprego muitas vezes pode estar relacionada aos vínculos que estabelecemos com os colegas, o apego à rotina e ao lugar comum. A falta de confiança, que também pode ter raízes mais profundas, como a “síndrome do impostor”, pode nos fazer pensar que não estamos preparados para tal desafio, que não daremos conta e que a qualquer momento alguém vai descobrir que somos uma fraude.
A síndrome do impostor, inclusive, impacta milhões de pessoas em todo o mundo. Estudos recentes demonstram que uma média de 70% de profissionais que estão no mercado de trabalho já sofreram desses sintomas. Neste contexto, nós, mulheres, somos as mais afetadas, talvez pela sistemática e cultural desvalorização do nosso trabalho. Mulheres com grandes carreiras, como a ex-primeira dama dos Estados Unidos Michelle Obama e a renomada atriz Meryl Streep já falaram publicamente sobre o tema e seus impactos.
Acredito que neste ponto, além de trabalhar a nossa autoconfiança, é preciso nos atentarmos aos sinais que indicam que é o momento de mudar. É importante não deixarmos a situação se desgastar a ponto do trabalho ser o causador de problemas de saúde. Hoje o mercado está bastante dinâmico e podemos aproveitar disso para enriquecer nosso portfólio, expandir nosso network e explorar as possibilidades.
Sejam quais forem os motivos: melhor remuneração ou condições de trabalho, mais flexibilidade nos horários, oportunidades de crescimento ou que seja somente a vontade de explorar novas opções. É indispensável nos respeitarmos como profissionais e seguir esses instintos.
É importante ressaltar que estamos em um momento particularmente complicado na economia do nosso país, no qual o desemprego ainda atinge mais de 10 milhões de brasileiros, de acordo com dados do mês passado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, ter a oportunidade de mudar de emprego e buscar algo melhor para você e sua família é, de fato, um privilégio que deve ser aproveitado por aqueles que o possuem.
O mundo ideal é o que todos pudessem desfrutar dessa possibilidade, pois não há nada mais estimulante do que o frescor de novos desafios. É imprescindível estarmos abertos para essas experiências.