Havia um garoto. Ele sofreu muito quando criança por não ter seus pais consigo e por sentir-se abandonado pelo mundo. Um dia, depois de uma briga, ele jurou nunca mais baixar a cabeça e, também, derrubar todos aqueles que estivessem em seu caminho. Não era a melhor, mas foi a opção que ele fez.
Mais tarde, o garoto esteve à beira da morte e uma mão lhe foi estendida. De início, ele não acreditou. Já havia desistido de tudo, logo, aquela mão não lhe importava. Não havia salvação para ele, acreditava. No entanto, com a insistência e com o tempo, ele se deixou ser abraçado pelo amor.
Este pequeno “conto” é a história do meu livro e tem o intuito de nos mostrar que, embora tenhamos medo, é necessário aceitar a mudança. É quase impossível não mudar, a vida e as experiências fazem e farão isso conosco ao longo de nossa existência.
Quando se vive uma experiência marcante, ela deixa vestígios em nós: perder um amigo, ter um novo amor, viajar para longe e se desligar de tudo, começar uma nova vida em outra cidade, ter um novo emprego, estar na universidade. Como dizer que um novo amor, depois dos tempos nebulosos, não nos muda? Como dizer que entramos e saímos da faculdade com a mesma cabeça, os mesmos pensamentos?
Pequenas coisas formam um mosaico de pequenas transformações, e cabe a nós torná-las as melhores possíveis. Não devemos pintar um mundo ruim por conta de uma experiência ruim, embora falar não seja o mesmo que fazer, e fazer seja o mais difícil. Mudar nem sempre é confortável, e é um aprendizado.
Alguns de nós verão a mudança com desconfiança e não a aceitarão; outros, a abraçarão logo de cara; e ainda há aqueles, como o garoto, que verão a mudança, se recusarão a aceitá-la em um primeiro momento, mas depois a acolherão, quando tiverem seu próprio tempo para entendê-la.
A experiência de viver e aprender com nossos tropeços nos transforma pouco a pouco. E tenho esperança de que seja sempre para melhor.