É consenso que a chegada da pandemia nos obrigou a revisitar as escolhas que fazemos e a que destinaremos a disponibilidade de nosso tempo. Tornou-se ainda mais evidente que fazer escolhas é parte inerente da vida; acontece a todo momento. Fazer escolhas nos constitui como seres humanos, define nosso presente e, com certeza, nosso futuro.
Em alguns momentos, dependendo do contexto, as opções são restritas. Em tempos de pandemia, por exemplo, elas foram limitadas diante das circunstâncias que vivíamos e ainda vivemos. Independentemente das restrições, nestes novos tempos, as opções que fazemos podem, seguramente, redefinir o rumo de nossa vida. Segui-las é uma oportunidade para nos tornarmos mais responsáveis e cuidadosos com a vida, com o futuro, com a humanidade.
O ambiente escolar é um espaço-tempo propício para exercitar escolhas que contribuem para a formação integral do ser humano. Na escola, como gestores, educadores, estudantes, fazemos escolhas constantes diante de cada cenário, de cada projeto ou processo de ensino/aprendizagem. Um dos exemplos é o Novo Ensino Médio, que traz como diferencial a liberdade dada aos jovens de escolher seus itinerários formativos de acordo com eixos e valores com que têm afinidade. Nessas escolhas, antecipam-se possibilidades acadêmicas e profissionais, contribuindo na construção do projeto de vida. É uma revolução significativa em que escola assume papel importante para que os estudantes desempenhem com clareza e consciência o ato de escolher.
Fazer uma escolha não é simples; requer o desenvolvimento de competências e habilidades para que cada decisão seja assertiva. E o papel da escola torna-se fundamental para estimular a formação de pessoas mais autênticas com quem são, com o que querem, com seus sonhos, com sua identidade, com seus projetos.
Vale nos perguntar: como escola, estamos possibilitando o desenvolvimento de competências e habilidades que permitam aos estudantes terem consciência da sua realidade e fazerem boas escolhas ao longo da jornada? Afinal, para que eles possam fazê-las no Ensino Médio, é preciso desenvolver essas competências desde o início da jornada escolar. Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, por exemplo, quais são as opções que proporcionamos às crianças e aos adolescentes na fase de desenvolvimento em que se encontram? Quais são as propostas de educação que compreendem esses estudantes como sujeito de sua aprendizagem, com potencial de fazer escolhas ao longo da vida escolar? Qual é a proposta educativa que lhes permite fazer escolhas acadêmicas e serem responsáveis pelos destinos que as decisões lhes oportunizarão? Essas reflexões reforçam a importância de que o tempo de fazer escolhas deve ser contínuo, desde a formação escolar, durante toda a vida adulta.
Ao considerar tempos e escolhas, podemos nos remeter às expressões khronos e kairós, utilizadas pelos gregos: khronos é a medida linear de um período, o tempo do relógio, e kairós significa experiência, tempo da graça. E, então, uma reflexão importante a ser feita é sobre como damos significado às escolhas que fazemos. Qual é a intensidade das batidas do coração em nossas escolhas?
Que os tempos de escolha sejam um tempo cronológico que nos permita tomar decisões significativas pelos caminhos que percorremos. Um tempo que vai além do tempo medido pelo relógio, sendo mensurado pela intensidade e pelo valor que depositamos nas escolhas feitas nos espaços educativos. Enfim, que sejam proporcionados aos estudantes espaços e tempos de escolhas assertivas não somente no Ensino Médio, mas pela vida toda. Temos tempos para escolhas. Que elas sejam as melhores!