Com mais tempo livre e depois de dois longos semestres, a dúvida é se os discentes devem se desconectar completamente dos estudos ou manter alguma atividade educacional para não perder o ritmo. Para o Gerente de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação, professor Idelfranio Moreira, hoje não há mais a dissociação entre férias e aprendizado, e os estudos devem continuar ainda que seja por outras maneiras não formais.
O especialista usa como base os conceitos de Lifelong Learning e Lifewide Learning, que significam “aprender em qualquer lugar em qualquer momento”, definição que entende o ato de aprender como algo além das aulas, dos livros, das provas, da escola enfim. “A escola, o curso ou a universidade são formas de estudo formal, mas nós temos também a maneira informal”, comenta o professor, que reforça que, em um mundo globalizado e com livre acesso a diversas fontes alternativas de conhecimento, especialmente por meio da internet, onde é possível encontrar e-books, videoaulas, games, dentre outras ferramentas, o período de férias escolares não deve significar “férias do cérebro” ou “férias do aprendizado”.
Portanto, para ele, mesmo não estando na escola, é possível que o aluno continue aprendendo e relacionando os conteúdos aprendidos ao longo do ano com o seu dia a dia, mas de maneiras mais leves e divertidas. Uma das dicas apontadas pelo professor são os jogos em grupo, com os quais a família pode usufruir de um tempo junto, testando os conhecimentos e habilidades dos integrantes de maneira divertida.
“É possível encontrar séries e filmes de momentos históricos, por exemplo, que são atraentes por misturarem os acontecimentos reais com ficção, romance, literatura e licença poética, pontos que tornam o contexto mais interessante. Conteúdos como esses estimulam que o aluno vá atrás de mais informações sobre os fatos por trás da história e pesquise por artigos, críticas de especialistas ou mesmo livros. O estímulo da família nesse momento pode ser fundamental para gerar o interesse”, comenta Idelfranio.
Aos alunos que estão em transição de nível escolar, o professor ressalta que, com exceção dos que estão entrando no período pré-vestibular, as formas de aproveitar as férias devem seguir a mesma linha que a proposta aos demais alunos, com atividades que estimulem o aprendizado, mas sem alardes ou programações especiais, já que a mudança pode causar uma certa pressão, expectativa e, consequentemente, ansiedade nos alunos, especialmente, os do Ensino Infantil.
Já para aqueles que estão ingressando no último ano do Ensino Médio, a recomendação é diferente. Segundo Idelfranio, por se tratar de um momento importante de encerramento do ciclo escolar, é necessário levar em consideração o preparo para um objetivo específico: entrar na universidade. Nesse período, deve-se revisar todos os conteúdos já aprendidos em todos os anos, especialmente os dos primeiros dois anos do Ensino Médio, o que não é uma tarefa fácil, exigindo um planejamento e um cronograma de estudos. A dica para estes alunos é fazer uma avaliação de seus pontos fortes e fracos e entender onde é preciso melhorar, seja fazendo aulas de reforço ou cursos, por exemplo, para treinar no que houver mais dificuldade. Para os pais, vale se manter próximo do aluno, ajudando-o a manter o equilíbrio entre estudo e descanso e a definir suas prioridades, acolhendo-o e oferecendo o suporte que for necessário, mas com o cuidado para não pressionar demais o discente.
As atividades de férias propostas pelas escolas podem ser grandes aliadas nesse momento, pois, em sua maioria, já consideram a aprendizagem. Municiadas pelas plataformas de educação parceiras, muitas oferecem ambientes gameficados, atividades online e outras, que contam com intencionalidade pedagógica pensada para as famílias. Por meio de jogos e gincanas que incluem, por vezes, a participação de terceiros, essas alternativas são importantes, principalmente, para os alunos do Ensino Infantil e primeiros anos do Fundamental, quando os estudantes estão ainda mais dependentes dos pais e diferenciam menos os momentos de aprendizagem e de lazer. “Nessa idade, quando a atividade envolve pessoas da família, independentemente do formato ou canal, a prática ganha uma vantagem emocional muito maior para o estudante”.
No entanto, Idelfranio reforça a importância de se considerar que cada caso é único e alguns alunos, mesmo em um período decisivo de suas vidas, tiveram um ano difícil, especialmente por conta da pandemia, e precisam, de fato, descansar e aliviar a pressão. “Além disso tudo, viagens são oportunidades fantásticas de aprendizado para além do lazer! Viajar amplia o conhecimento de mundo dos jovens e das crianças. Novas culturas, modos de vida, tipos de alimentação, rotinas diárias diferentes do ambiente que está acostumado. No futuro, costuma ajudar, inclusive, a compor o repertório cultural do estudante”, conclui.