O recesso escolar chegou e, com ele, as dificuldades em manter os filhos entretidos fora da escola. A nutricionista Roberta Carbonari, especializada em comportamento alimentar, idealizadora e administradora da Clínica Muzy, espaço multiprofissional voltado para o atendimento médico e nutricional, dá dicas de como manter a alimentação saudável das crianças durante esse período.
Roberta explica que “os pais se preocupam em entregar às crianças atividades que preencham o tempo ocupado pelas aulas, o que é bastante importante. Mas, existe um outro ponto que demanda planejamento e atenção, a alimentação”.
Nesse contexto, a especialista sugere diversas medidas que podem colaborar com a manutenção de hábitos saudáveis dos pequenos nesse período:
1. Promover e manter hábitos saudáveis na hora de comer, controlando o uso de telas durante as refeições
2. Respeitar a frequência alimentar que as crianças seguem normalmente, buscando manter os horários das refeições similares ao período escolar
A rotina traz segurança e redução de ansiedade, especialmente para crianças. Roberta destaca que o dia a dia não precisa ser 100% inflexível, mas é essencial que a criança tenha uma noção básica dos seus horários de refeição, já que é comum que os sinais de fome se mantenham nos mesmos horários.
Como as atividades físicas e estímulos tendem a reduzir durante as férias, também é comum que algumas crianças sintam menos fome. Para Roberta, “tudo bem respeitar sinais de fome e saciedade, mas é importante que o cardápio seja uma responsabilidade dos pais, enquanto a quantidade ingerida seja controlada pela intensidade da fome fisiológica da criança naquele momento”.
Ela destaca que “ter boas escolhas de lanches preparados entre as refeições, ou ainda uma diversidade de frutas à disposição, é uma forma de manter acessível melhores escolhas quando a fome ocorrer”.
3. Respeitar o horário de sono da rotina escolar
Respeitar o ciclo circadiano durante as férias é um grande desafio, já que, por não ter que acordar tão cedo, as crianças costumam dormir mais tarde.
A nutricionista afirma que a mudança nos horários das refeições tem sido associada ao aumento do sobrepeso e risco de obesidade em crianças: “Embora as crianças estejam dormindo mais durante as férias, quaisquer comportamentos não saudáveis coexistentes, como, por exemplo, pular o café da manhã, belicar petiscos à noite e aumentar a ingestão de fast food, podem afetar os benefícios derivados do aumento da duração do sono”. Além do ganho de peso, essa mudança drástica pode fazer com que as necessidades diárias de ofertas de nutrientes não sejam atendidas nessa fase.
4.Uso de suplementos
“A suplementação pode ser recomendada quando há uma deficiência de nutrientes ou inadequação alimentar e, portanto, não deve ser interrompida durante as férias. Se não acontecer de forma correta, a lacuna nutricional pode aumentar e privar a criança de nutrientes que são necessários para sua boa saúde e desenvolvimento”, conta a nutricionista.
Roberta explica que a suplementação pode ser indicada por diversos motivos, como “no caso de deficiência de algum nutriente específico, como vitamina D, B12, ferro, Ômega 3. A suplementação de B12, por exemplo, é essencial nos casos de veganismo. Além de outras situações que podem demandar suplementação específica como distúrbios metabólicos, anemia ferropriva e condições que afetam absorção de nutrientes”.
Roberta destaca que alguns passos são importantes para manter a suplementação durante as férias: “comprar os produtos com antecedência, planejar a logística para levá-los em viagens, estabelecer horários regulares e manter os suplementos em locais de fácil acesso durante passeios e integrar o tratamento de doenças crônicas, distúrbios metabólicos ou condições que afetam a absorção de nutrientes”.