À primeira vista, entender o mercado financeiro pode parecer complicado. Afinal, é preciso conhecer os termos, as siglas, as características dos produtos e a dinâmica das operações antes de começar a investir. Reconhecendo que são muitas informações, especialistas da área defendem que o ensino tenha início ainda na infância.
Autor da série de livros “O Menino do Dinheiro” e da obra “Mesada não é só Dinheiro”, o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, afirma que a educação financeira também é assunto para crianças. Segundo o especialista, é necessário aprender, desde pequeno, a importância de economizar, investir e consumir de forma consciente.
Por acreditar que crianças bem informadas tornam-se adultos mais conscientes, o coordenador do projeto de extensão “Educação financeira para toda a vida” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Wenner Glaucio Lopes Lucena, teve a iniciativa de desenvolver gibis sobre o tema.
O material está disponível gratuitamente no site do projeto. O primeiro exemplar “Indo às compras – Parte 1” foi publicado em junho do ano passado. Desde então, mais cinco obras já foram disponibilizadas para o público.
Inclusão na grade curricular de ensino
Desde 2020, a educação financeira passou a integrar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos ensinos infantil e fundamental das escolas da rede pública e privada.
A iniciativa foi fruto de conversas entre a Abefin e o Ministério da Educação (MEC). Em 2016, uma audiência pública, realizada na Câmara dos Deputados, debateu o assunto publicamente.
A informação do MEC é que os professores estão recebendo o treinamento adequado para abordar o tema com os alunos de acordo com a vivência de cada faixa etária.
Na avaliação da Abefin, a educação financeira é uma disciplina que trabalha com comportamento e hábitos. Portanto, pode ser abordada de forma lúdica com as crianças.
Educação financeira: por onde começar?
Independente da idade, os especialistas afirmam que a educação financeira deve começar com o aprendizado sobre a importância de poupar e investir. Na definição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a primeira prática significa economizar dinheiro, enquanto a segunda trata-se da escolha por aplicações que possam fazê-lo render.
Conforme a Abefin, poupar e investir são etapas para a realização de qualquer sonho que precise de dinheiro para ser concretizado. Na lista estão: adquirir bens, como carro ou casa, viajar, estudar, casar, ter filhos, aposentar e muitos outros.
Há várias orientações para começar a poupar, mas na hora de investir, mais do que dicas, é preciso compreender o mercado financeiro. Antes de escolher onde aplicar o dinheiro, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) recomenda estudar as características dos produtos.
Uma das primeiras lições é entender as diferenças entre os produtos de renda fixa e renda variável. Na primeira modalidade, o estudante irá se familiarizar com siglas como CDB, CDI, FGC, LCI, LCA, entre outras.
Já na renda variável, irá compreender o conceito de termos em inglês como home broker, day trade e small caps. Aos poucos, também será possível compreender as siglas dos produtos financeiros como ETF, FOF e FII, bem como os códigos usados na Bolsa de Valores (B3) para representar cada um deles, como BOVA11, JSRE11 e DEVA11, por exemplo.
A Anbima informa que, ao estudar o mercado financeiro, a pessoa é capaz de compreender qual é o seu perfil como investidor e associar os investimentos que podem ajudá-la a alcançar seus objetivos. Para isso, é aconselhável avaliar a liquidez, a segurança e os riscos envolvidos em cada operação.
Se, a princípio, são muitas informações a serem assimiladas, os especialistas defendem que quanto mais tempo dedicado a esse aprendizado, maior será a facilidade para a apreensão do conteúdo. Por isso, quando a educação financeira é ensinada na infância, a formação ocorre naturalmente e contribui para o maior preparo financeiro na vida adulta.