Sandro Magaldi e José Salibi Neto, no livro Gestão do amanhã, nos fazem a seguinte provocação: “As transformações pelas quais passa a sociedade são tão velozes que os indivíduos não conseguem perceber racionalmente o processo de mudança. Seus impactos, no entanto, são e serão mais sentidos do que nunca (…)”.
Se, para as organizações em geral, o desafio de inovar é determinante para o sucesso, para uma instituição de ensino o desafio é ainda maior: além da necessidade de garantir a sustentabilidade e o crescimento das instituições, temos a demanda da sociedade por formar as pessoas que vão inovar nas empresas, nas comunidades e no governo e promover as transformações que deverão resultar em mais desenvolvimento no mundo.
Mas, em meio a tantas notícias de novos modelos de negócios, eventos impactantes e startups de sucesso, afinal, o que é inovação? Há muitas definições aceitas, mas a minha favorita vem do Stanford Research Institute, que define inovação como criação e entrega de novo valor para o cliente no mercado com um modelo sustentável para a empresa.
Observe as palavras-chave do conceito e perceba sua relevância, especialmente no setor de educação:
Criação: buscar o novo, ampliar as possibilidades, pensar em novas alternativas, novas metodologias, observar as boas práticas do próprio setor e de outros;
Entrega: é necessário transformar ideias em soluções efetivas, converter conceitos em serviços, combinar tecnologia e criatividade. Que possibilidades eu tenho de entregar novos conteúdos em diferentes formatos?
Novo valor: uma inovação só se concretiza quando cria “valor” para o cliente, aluno ou usuário. Qual a verdadeira necessidade do meu público? Nos anos 1960, Theodore Levitt já nos ensinava que, quando um cliente entra em uma loja de ferragens pedindo uma broca de ¼”, o que ele realmente quer é um buraco de ¼”. É importante ter em mente a experiência do usuário com os meus serviços. Seus acadêmicos têm orgulho de fazer parte da sua instituição ou de escolher as carreiras que sua IES oferece? Seus docentes conhecem os desejos dos alunos, da sociedade e da IES? Como podemos desenhar processos, espaços e cursos que atendam às reais necessidades dos nossos alunos?
Modelo sustentável: todo projeto deve perseguir a sustentabilidade ambiental, social e financeira. Na área financeira, a grande novidade é que muitos novos modelos estão surgindo. Uma empresa de engenharia pode ajudar a financiar a formação de profissionais especializados, uma empresa industrial pode compartilhar estruturas de P&D para a realização de práticas de pesquisa, as IES podem abrir seus laboratórios para empresas testarem novos métodos, processos, materiais.
O exercício de buscar a inovação já traz como primeiro ganho um olhar novo e abrangente sobre a nossa instituição. Descobrimos oportunidades de melhoria, mas também conhecemos melhor nossos alunos, nossa equipe e nossas qualidades.
POR ONDE COMEÇO?
• Registre os projetos prioritários para a instituição;
• Selecione aqueles com maior perfil inovador;
• Indique um líder para gerir o projeto;
• Comece a detalhar entregas e custos;
• Identifique a fonte ideal de financiamento.
Sobre a etapa do financiamento, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) se posicionou como parceira das IES, oferecendo ao segmento a sua melhor linha de recursos. E o que eles procuram?
• Personalização do ensino;
• Metodologias ativas de ensino;
• Recursos educacionais digitais para ensino-aprendizagem;
• Ambientes, estratégias e processos promotores de inovação.
Alguns exemplos de gastos:
• Infraestrutura laboratorial para suporte às atividades de PD&I e de serviços tecnológicos;
• Infraestrutura laboratorial para suporte às atividades de pesquisa, extensão e produção de conhecimento;
• Infraestrutura para criação e funcionamento de NIT;
• Capacitação e treinamento do corpo docente;
• Infraestrutura para redes de ensino a distância (EaD);
• Infraestrutura para ambientes amigáveis e colaborativos de ensino-aprendizagem;
• Infraestrutura para ambientes interativos, de simulação e de construção de cenários estratégicos;
• Sistemas e ferramentas de gestão do conhecimento, informação tecnológica e inteligência competitiva;
• Gestão de mudança de cultura organizacional;
• Organização curricular com percursos flexíveis.
Um passo muito efetivo na busca por inovações é buscar conexões para acelerar o processo de aprendizagem e lançamento. Quando estiver preparando seu projeto, aproveite para comunicar. Conte para a sua equipe, para os seus alunos, para a cidade. As pessoas estão em busca de parceiros para inovar, para inspirar e compartilhar. Ocupe esse espaço. Você vai gostar de estar lá.
De acordo com Sandro Magaldi e José Salibi Neto, em Gestão do amanhã, “Não existe outro momento mais vibrante na história recente da humanidade. Um ambiente repleto de desafios reserva oportunidades até então não mapeadas. O mundo está em aberto. Não há tempo a perder. É necessário arregaçar as mangas e fazer acontecer”.