Eu me lembro bem da minha primeira professora, tia Célia. Recordo-me dela com uma riqueza de detalhes que não carrego em muitas memórias daquele tempo. Sobre o que falávamos, não sei. Mas certamente aprendi.
Todo mundo, em algum momento da vida, teve um mestre assim. Alguém cujo valor dos ensinamentos foi muito além do conteúdo da sala de aula. Alguém que trouxe algo que nunca se acaba. E que deu bronca também, quando precisava. Na trajetória da vida, muitos professores passam por nós, mas nem todos ficam.
Li, dia desses, que o Brasil tem mais de dois milhões de professores dando aulas nas escolas públicas e particulares espalhadas pelo país. Imediatamente pensei: que sorte a nossa! Mas depois refleti, será que a sorte é deles também? Pelas condições oferecidas em um país como o nosso, talvez seja amor, necessidade, vocação, mas sorte… Sorte não! É trabalho duro, de sol a sol.
Então, pego-me pensando na Tia Célia. Sentada na cadeira inocente da minha primeira infância, eu não compreendia. E nunca sequer havia me perguntado, será que ela vivia bem? Era feliz? Amava o que fazia?
Dados de uma pesquisa do Instituto iungo em parceria com o Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP (NAP/USP) afirmam que 83% dos docentes entrevistados querem continuar lecionando.
E o mais bonito: a maioria deles leciona para impactar positivamente a vida dos estudantes e da comunidade. Esses são os extraordinários. Aqueles que mudam mundos e escrevem a história em tempo real, de próprio punho.
Os anos passam rápido, derramam-se sobre nós, sem piedade. Mas, ao longo da caminhada, a gente não anda só. Há sempre mãos estendidas, o olhar aconchegante de um professor, o abraço de quem chamamos de família.
Fico imaginando se tia Célia ainda vive. Em algum lugar eu sei que sim, porque os bons mestres são sempre imortais. E sua luz segue acesa em mim.