A estudante Luisa Leão, 21, está no caminho para se tornar astronauta. Aluna do 7º período do curso de Engenharia Mecânica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), Luisa recebe treinamento do International Institute for Astronautical Sciences (IIAS), localizado no estado de Oklahoma, nos EUA. O Instituto é referência mundial no campo de ciência espacial e, a partir de exercícios de privação de oxigênio e simulações de gravidade zero, capacita os alunos para experiências fora da órbita terrestre. Luisa, atualmente, também cursa Engenharia Aeroespacial da University of Oklahoma, instituição que possui convênio com o CTC/PUC-Rio. Durante a graduação no Rio de Janeiro, Luisa foi uma das fundadoras do Projeto ARES, primeira equipe da PUC-Rio dedicada a pesquisas aeroespaciais.
A carioca conta que, desde pequena, foi uma criança apaixonada pela astronomia e pela exploração espacial. Ainda no Ensino Médio, Luisa recebeu uma bolsa de estudos para cursar a National Flight Academy em uma base militar dos EUA e foi selecionada pela NASA para apresentar um projeto de criação de um campo magnético artificial em Marte. “Eu sempre soube que queria ser astronauta. Desde pequena sou apaixonada pelo universo, pela astronomia, e pela exploração espacial. Sempre quis fazer parte dessa exploração pessoalmente”, conta Luisa.
A admissão no IIAS surgiu com possibilidade durante a graduação em Engenharia Espacial, que Luisa começou no segundo semestre de 2022 por convênio do CTC/PUC-Rio com a University of Oklahoma. No ano passado, a jovem se sentiu preparada para participar do processo seletivo da IIAS, onde foi aceita, dado o seu histórico de estudos espaciais, desde a escola até a universidade. Luisa está no 2º período e pretende permanecer nos EUA até finalizar essa nova graduação. Em seguida, retornará ao Brasil para concluir o curso de Engenharia Mecânica do CTC/PUC-Rio.
Os treinamentos físicos para se tornar astronauta incluem o teste de “hipóxia”, onde é simulada uma situação de emergência: o aluno é colocado em uma câmara que, aos poucos, retira o oxigênio disponível no ambiente. O objetivo é analisar a habilidade do estudante de pilotar uma aeronave sob alta exposição ao gás carbônico (CO2). Luisa conta que chegou a conduzir estavelmente no limite de 61% de oxigênio no sangue. Em 90%, o nível já é considerado de risco e, durante a pandemia da COVID-19, poderia até levar à intubação. “Além de precisar testar meu desempenho pilotando sob falta de ar, eu também passei por uma simulação usando traje espacial. A roupa possui diversas camadas, é pesada e limita o movimento corporal, o que torna a tarefa bastante desafiadora”, conta Luisa.
Na PUC, recebeu apoio para criação do Projeto ARES
Durante sua graduação na PUC-Rio, Luísa se dedicou ao estudo de Aerodesign e Engenharia Aeronáutica, mas sentiu falta de um setor dedicado à questão Aeroespacial. No 4º período, em 2020, Luisa reuniu professores e interessados no tema e fundou o Projeto ARES, dedicado à criação de tecnologias aeroespaciais, com alunos da PUC e de outras universidades brasileiras. A iniciativa conta com parcerias internacionais e já propôs o desenvolvimento de um rover de exploração extraterrestre para a NASA. A estudante permanece como capitã da Projeto ARES e supervisiona remotamente as atividades da equipe. “Eu sei que muitos alunos da PUC têm grande paixão pelo estudo do Universo. O projeto é uma grande oportunidade de inserção profissional na área aeroespacial”, afirma Luisa.
Junto à equipe ARES, Luisa elaborou iniciativas que visam levar o conhecimento das tecnologias espaciais a jovens da periferia. O projeto NASA Para Todos, realizado no Planetário do Rio, permitiu que crianças e adolescentes de comunidades do Rio de Janeiro participassem de oficinas e palestras com profissionais da área. Já o ARES Junior deu oportunidade a estudantes do Ensino Fundamental e Médio de acompanhar as atividades da equipe por um mês. “Eu estudei em escola pública até conseguir uma bolsa de estudos para o Ensino Médio, e posteriormente para a PUC-Rio. Se não fosse isso, minha família não teria condições de arcar com os custos de uma educação de qualidade para mim. É por isso que eu sei o quanto oportunidades como essa são valiosas para quem quer ter acesso, mas não possui condições”, conta Luisa.
Próximos passos
No mês de fevereiro, a aspirante a astronauta foi aceita na Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force). Por meio do programa Reserve Officers’ Training Corps (ROTC), Luisa será treinada para se tornar piloto de caças. Assim que completar a graduação em Engenharia Mecânica na PUC-Rio, a estudante também pretende iniciar seu mestrado em Engenharia Aeroespacial na Universidade de Oklahoma.
O principal objetivo de Luisa é participar da primeira missão espacial a Marte. Para a jovem, esse evento não é apenas um marco histórico, mas também uma grande contribuição para o futuro da humanidade e para os conhecimentos sobre o universo. “A humanidade já foi muito longe chegando à Lua, porém, no momento em que colonizarmos Marte, nos tornaremos uma população interplanetária e reduziremos significantemente o risco de extinção da nossa espécie. Além disso, a exploração espacial contribui para a criação de tecnologias que usamos no dia a dia: desde pneus até a energia solar. Diversas invenções voltadas para a exploração espacial trazem avanço tecnológico para a sociedade”, assegura.