Criação e inovação possuem conceitos que por muitas vezes se confundem, contudo são totalmente diferentes.
Pode-se definir a criatividade como um processo mental que permite a geração de ideias. Ao mesmo tempo, relaciona-se a inovação como a aplicação real de tais ideias colocadas em prática para alcançar objetivos de forma eficiente e eficaz. Portanto, o papel da criatividade é o de gerar ideias, e a implementação dessas ideias é o que gera inovação.
No campo da Administração, Teresa Amábile define criatividade a partir da identificação e observação de seu produto, defendendo essa forma de verificação como a mais relevante para a administração.
Já Joseph Schumpeter, economista austríaco que atuou na Universidade de Harvard, nos EUA, considerado pela acadêmica científica como o pai da inovação afirma que a razão para que a economia saia de um estado de equilíbrio e entre em processo de expansão está relacionado ao surgimento de alguma inovação que altere consideravelmente as condições prévias de equilíbrio.
Exemplos de inovações que alteram o estado de equilíbrio estão relacionadas à introdução de um novo bem, produto ou serviço no mercado, a descoberta de um novo método de produção ou de comercialização de mercadorias, a conquista de novas fontes de matéria prima, ou mesmo a alteração da estrutura do mercado vigente como temos assistido nas ultimas décadas. Em todas as palestras ouvimos repetidamente os cases da Uber, Airbnb, Netflix, Universidade 42, entre outros exemplos que trouxeram inovações disruptivas ao mercado.
Ao descrever a evolução dos estágios tecnológicos e a permanente mutação industrial como uma força de destruição criativa, Schumpeter antevia que a tecnologia destrói ao mesmo tempo que cria.
Inovação não significa apenas ruptura intencional, mas inovação incremental se apoia nos processos de melhoria contínua caracterizada por uma busca de aperfeiçoamento constante e gradual.
A inovação pode ocorrer por meio de uma ação perfeitamente planejada quanto por simples acaso. No entanto, empiricamente verifica-se que poucas inovações brotam do acaso. A maior parte das inovações, em especial as mais bem-sucedidas, resultam de uma busca consciente e intencional de oportunidades para inovar.
Um ambiente propício à criatividade pode se transformar em um celeiro de inovação. De igual forma, é preciso entender criatividade como um processo que também pode ser sistematizado como parte de uma cultura de inovação dentro das empresas.
Apesar dos conceitos iniciais para criatividade estarem ligados às artes e à estética, o que denominaremos de criatividade pura, atualmente adota-se uma abordagem que está ligada ao desenvolvimento do capital humano, ou criatividade aplicada. Discussões sobre criatividade são atreladas principalmente ao mundo dos negócios. Pessoas criativas são vistas como o recurso necessário para atender e conquistar mercados.
O entendimento dos gráficos abaixo poderá nortear a maneira de se sistematizar o estudo do fenômeno e explorar a criatividade aliada à inovação dentro de qualquer empresa. Em nossas pesquisas abrangendo criatividade, produtividade, inovação e comportamento organizacional utilizamos esse fluxo de inspiração para auxiliar a exploração dos conceitos.
Criatividade é uma competência que difere de indivíduo para indivíduo apenas em grau. As habilidades criativas podem ser desenvolvidas por meio de intervenções deliberadas durante o processo de formação e desenvolvimento ou diante das experiências vivenciadas no cotidiano que gerem inspirações. Trata-se de um processo construído ao longo de toda vida. Assim, não basta que o indivíduo passe por um momento de capacitação ou receba instrução para que desenvolva de forma mais plena o seu potencial criador.
Nesse contexto, é preciso pensar o espaço de formação como ambiente que valorize e cultive a criatividade. É na capacidade do profissional em pensar coisas novas, na criação e geração de novas ideias e conceitos ou novas associações entre ideias e conceitos existentes, que geralmente são produzidos soluções e eventos novos e originais.
A criatividade aplicada é um termo utilizado por especialistas para se referir à inovação. Waisburd (2009) e Vivanco (2009) a definem quando uma ideia criativa traz contribuição, é reconhecida e incorporada à organização impactando seu contexto, gerando respostas novas.
Baseado nessa afirmativa, o tema dessa reflexão convoca o conceito da exploração da criatividade no ambiente empresarial e a influencia que as práticas criativas exercem no futuro das organizações. Tal fator deve-se ao fato de que, assim como a escola e a universidade, a empresa também é um ambiente cuja força motriz é potencialmente significativa para o desenvolvimento da sociedade, portanto propícios à exploração do potencial humano e a implementação de um complexo trabalho de estímulo mental e emocional que contribua para a formação de um perfil mais criativo.
Assim, a criatividade e a inovação, sua parceira mais constante é também uma competência técnica a ser aprendida. Indivíduos e equipes criativas carregam durante sua trajetória o olhar investigativo, a inquietação, o questionamento, o pensar propositivo, a ação solucionadora e realizadora. A empresa deve albergar situações para o desenvolvimento de tais habilidades.
A maneira de inovar nos espaços empresariais se confunde com a própria maneira de viver o cotidiano em ambientes de aprendizagem em que as experiências devem ser estudadas, compartilhadas e aprendidas, tanto em seus territórios de expressão mais livre quanto nos de expressão mais utilitária, se interpenetram e se auxiliam em energia, na visão constitutiva do processo de inovação.