Conhecer o Teorema de Pitágoras nunca foi tão fácil. Ele está ao alcance dos dedos, em qualquer smartphone. Lidar com a frustração e desenvolver a resiliência, entretanto, não funciona dessa maneira. Esse tipo de constatação vai, aos poucos, induzindo as escolas a remodelar o design dos seus produtos, entendendo que o repasse de conteúdos já não se encaixa em uma sociedade de rápidas mudanças e acesso fácil à informação. A construção de competências socioemocionais e o desenvolvimento de habilidades mais alinhadas aos novos tempos ocupam, agora, lugar de destaque na pauta educacional. E isso é ótimo para os alunos.
Entretanto, é preciso que a escola também olhe para dentro e avalie se a mesma atenção dada aos alunos está sendo direcionada para seus colaboradores. Cerca de 66% dos trabalhadores do mundo estão mal preparados nas competências de negócios, tecnologia e ciência de dados, conforme estudo recente realizado pela Coursera, uma plataforma de cursos online. Países em desenvolvimento, como o Brasil, apresentam enorme déficit na capacitação de sua força de trabalho.
O INVESTIMENTO CRESCE, MAS A PRODUTIVIDADE...
Na terra brasilis, enquanto os investimentos avançam significativamente e a utilização da tecnologia progride de maneira exponencial, as habilidades da força de trabalho parecem estáticas ou insuficientes. E na escola não é diferente. Essa triste realidade fica demonstrada de maneira incontestável no último relatório apresentado pelo Instituto Ayrton Senna, intitulado Diagnóstico da educação.
Nesse contexto, os gestores educacionais precisam direcionar esforços, recursos e ações que levem seus colaboradores a melhorar suas competências e habilidades funcionais, o que eleva a qualidade dos serviços prestados, além de permitir a eles aumentar o seu próprio capital intelectual. A melhoria da equipe de colaboradores, em última instância, permite melhorar o relacionamento com os alunos e, a partir daí, qualificar o processo de ensino-aprendizagem.
DESENHANDO UM NOVO MODELO
Se um novo modelo em educação já se tornou consenso entre educadores e gestores educacionais, o mesmo ainda não pode ser dito sobre a arquitetura de organização das escolas. A inovação tecnológica abre portas para inúmeros arranjos funcionais e novas práticas de gestão de pessoas, gerando oportunidades para uma completa reinvenção do arcaico modelo de negócios das escolas tradicionais.
Trabalhar a matriz de desenvolvimento organizacional em alinhamento com o plano estratégico, o projeto político-pedagógico (PPP) e o próprio regimento interno é um passo na direção certa. A partir da convergência desses instrumentos, é possível identificar gaps de competências a serem eliminados e investir no aprimoramento da equipe de colaboradores e das suas respectivas qualificações.
Uma nova arquitetura de negócios, com objetivos bem definidos no planejamento estratégico, dará às escolas condições de desenhar com mais precisão sua estrutura de cargos e respectivas competências. Essas, por sua vez, direcionarão o programa de desenvolvimento de pessoas, pontuando as habilidades necessárias à melhoria da produtividade.
GERINDO E DESENVOLVENDO PESSOAS
Aos poucos, com a adoção de políticas de gestão de pessoas alinhadas aos objetivos estratégicos e ao PPP, as escolas poderão refinar os processos de captação, desenvolvimento e retenção de talentos para seus quadros, favorecendo a oferta de melhores serviços aos seus clientes.
Se desenvolver as competências cognitivas e socioemocionais dos alunos já está se tornando uma realidade desde a infância, com o apoio de plataformas digitais criativas e inovadoras, estender esse propósito aos profissionais da educação será um grande avanço para a gestão das escolas.
É sempre bom lembrar que ingressamos na era do lifelong learning, a aprendizagem durante toda a vida. Investir no desenvolvimento das habilidades dos colaboradores, seja em que tempo for, será um passo certeiro no aumento do capital humano da própria escola e dos seus próprios talentos.