Inegavelmente, em um contexto disruptivo, como o vivenciado pela educação mundial, o papel do professor está mudando. E tudo aponta, de acordo com especialistas, que a curadoria de conteúdos exigirá desse agente educacional a habilidade de ser transmidiático, reunindo três ferramentas: mensagens, veículos e canais.
As mensagens (conteúdos) necessitam receber constantes tratamentos, pois não passam somente pelo livro didático (como outrora). Com o advento das formas híbridas de comunicação, o professor deve servir-se de metodologias ativas para acessar o imaginário caleidoscópico da Geração C (Coletivo Conectado), apregoada por Dan Pankraz.
Os veículos utilizados para a convergência com a mentalidade da geração do ciberespaço e da cibercultura necessitam de um planejamento flexível, constante e contextualizado, focando a inteligência coletiva, a aprendizagem colaborativa, o processo significativo de apreensão dos conteúdos, além do desenvolvimento de competências e habilidades, por meio do uso das fronteiras móveis, e os estudantes multitarefas e transmidiáticos. A sala de aula ampliou sua geografia. O local é global.
Tais mutações convidam para uma revolução e, não muito distante nos tempos e espaços, exigirão de professores e instituições transformações consistentes no processo de avaliação e aferição de aprendizagem, por meio de exames, sejam internos, sejam externos. As avaliações precisam mudar, permitindo o aparato tecnológico que faz parte da rotina do estudante nativo digital. Os conselhos de classe precisam ser mais inteligentes, abordando as competências relacionais, socioemocionais e cognitivas e focando as múltiplas inteligências.
Uma contradição é evidente: o processo dialógico, seja presencial, seja por meio de recursos midiáticos, deve ser a chave para as comunidades educativas e para o ofício docente. Na sociedade da informação, o conhecimento deve ser apresentado com fluidez interativa, sem a visão linear e cartesiana, somente.
O professor transmidiático é aquele que gere a sala de aula de maneira polifônica, convidando as vozes dos alunos, dos vídeos, das obras cinematográficas, portais, sites, plataformas, redes sociais e infográficos para auxiliar os materiais didáticos. Para tanto, muitos professores imigrantes digitais devem acelerar sua travessia com formação continuada e pesquisa permanente no que tange às novas tecnologias.
A escola é palco e cenário de novas configurações sociais, exigindo dos gestores a acessibilidade para com o digital; pais, responsáveis, alunos e funcionários são autores de conteúdos e críticos, em tempo real, dos processos. O gestor, estando aberto a novos formatos para a escola e assegurando valores fundamentais, atinge sucesso.
A partir da abertura e flexibilidade da gestão, os professores se sentem empoderados para tornar suas experiências docentes criativas, ativas e com sinergia com o “novo mundo” que emergiu, nessa mudança de época e época de mudança.
Os professores transmidiáticos entendem a diferença dos ritmos de aprendizagem dos estudantes, que são diversos e plurais. Uns são analógicos; outros, digitais. Novos paradigmas emergem, gestando novos paradoxos. Estamos aprendendo isso nas formações realizadas pelo Movimento Educação é o Alvo. Afinal, muitas escolas ainda são sólidas, enquanto sua clientela tem hábitos de modernidade líquida, como diria Bauman.