Como incluir a criança autista no dia a dia letivo de uma nova escola? Embora a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que considera pessoas autistas como PCDs para todos os efeitos legais, garanta a matrícula na rede pública ou privada, a inclusão do aluno na escola nova pode ser um desafio para famílias e professores, que precisam encontrar maneiras de superar obstáculos e garantir a socialização no ambiente escolar.
A legislação assegura um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, além da participação dos estudantes e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar.
“A escola é um espaço que a pessoa no espectro precisa frequentar, já que é um ambiente que proporciona o desenvolvimento cognitivo e da comunicação, além de contribuir para o convívio social”, explica Julia Amed, Clinical Coach da Genial Care e Especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) pelo Centro Paradigma. A especialista ressalta a importância de que a família busque uma escola com profissionais capacitados e tenha uma troca constante com todos que estão envolvidos na educação da criança.
Para que as famílias consigam auxiliar a criança neste momento de adaptação, a especialista traz cinco dicas que podem tornar o processo mais tranquilo.
1) Previsibilidade
Dar previsibilidade sobre a mudança é algo importante. Os pais devem explicar o que a criança no espectro pode esperar e conversar sobre pontos específicos. Visitar a escola com antecedência é uma boa alternativa, para que o pequeno conheça o ambiente, a sala de aula e até mesmo o professor antes das aulas começarem.
2) Rotina
É também muito importante deixar clara e previsível a rotina escolar, utilizando suportes visuais como imagens, fotos ou quadros de planejamento, para deixar detalhado cada momento. Também é preciso que o professor se comunique com a criança autista de uma maneira que faça sentido para ela, já que alguns autistas são não vocais e usam Comunicação Aumentativa e Alternativa para se comunicar.
3) Informações sobre as crises
É possível conversar com a escola e com os professores explicando as preferências da criança, o que pode desencadear comportamentos inadequados, e também explicar as habilidades do pequeno ou da pequena, auxiliando na adaptação e respeitando individualidades, barreiras e necessidades.
4) Interesse da criança
Muitos interesses específicos e objetos de hiperfoco podem ser aproveitados para garantir a motivação e o engajamento da criança nas atividades acadêmicas. Os pais podem inserir esses temas, além de compartilhar com os professores para que eles possam ser usados em sala de aula. Além disso, os pais podem transferir para a sala de aula materiais de apoio da criança, considerando aquilo que ela já usa, conhece e a partir das dificuldades que ela tem.
5) Atividades coletivas
Estimule as atividades coletivas, pois elas são muito importantes para promover a interação e socialização da criança. Sempre que possível, realize tarefas, atividades, brincadeiras e jogos em grupo, mas sempre respeitando o tempo da criança e com muita atenção à reação dela nesses momentos.
“Além dessas dicas, é muito importante que sejam dadas orientações diretas e claras para a criança, para que ela saiba o que é esperado em cada situação e tenha a compreensão facilitada sobre o que precisa ser feito. Existem diversos desafios e até mesmo novas perspectivas educacionais quando o assunto é inclusão do aluno autista em uma escola nova, e é crucial entender que este é um ambiente muito importante para o aprendizado, diversidade, desenvolvimento e promoção de bem-estar para quem está no espectro”, finaliza Julia Amed.